LEI Nº 11.505, DE
22 DE DEZEMBRO DE 1997.
Estabelece,
no âmbito do Estado de Pernambuco, o conceito, as condições e modo do exercício
do planejamento familiar; da paternidade e maternidade responsáveis; relaciona
as vedações de formas coercitivas e determina providências pertinentes.
O PRESIDENTE DA ASSEMBLÉIA
LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO: Faço saber que o Poder Legislativo decreta
e eu promulgo a seguinte Lei:
Art. 1º O
planejamento familiar, para os fins desta Lei, é toda ação legal, que objetive
o casal, a mãe ou o homem, no sentido de evitar elevação da prole, já
constituída.
§1º São
condições do planejamento familiar:
I - O desejo
da mulher de submeter-se aos métodos contraceptivos, expresso em documento
específico;
II - Idade
superior a vinte e três anos;
III - Prole,
constituída de, no mínimo, dois filhos ou constatação de filhos com problemas
mentais ou psicomotores, irreversíveis, que os incapacitem à atividade normal;
IV - Estado
clínico do paciente favorável à aplicação do método contraceptivo;
V - Histórico
do ato cirúrgico assinado por médico.
§2º O
planejamento familiar será executado, mediante os seguintes os seguintes
métodos contraceptivos:
I - utilização
de preservativos masculinos e femininos;
II - operação
de laqueadura das trompas-de-falópio, em mulheres que tenham manifestado
expressamente, seu desejo de evitar a fertilidade por este método;
III - Operação
de vasectomia, em homens que manifestem esse desejo, de modo expresso;
IV - colocação
de dispositivo intra-uterino - DIU, em mulheres que haja manifestado, de modo
expresso, desejo de interromper a fertilidade por esse método;
V - utilização
de pílulas anticoncepcionais;
VI - outras
técnicas de contracepção, amparadas por Lei e de uso médico ordinário e,
cientificamente aceitos.
§3º Para o
exercício do direito ao planejamento familiar o Estado oferecerá as condições
operacionais à consecução dos métodos e técnicas, indicados nesta Lei, desde
que não coloquem em risco a vida e a saúde das pessoas, garantida a liberdade
de opção.
Art. 2º A
paternidade e maternidade responsáveis serão exercidos pelo casal, mãe solteira
e homem com a assistência do Estado.
Art. 3º A
realização dos métodos contraceptivos, como parte do planejamento familiar,
somente será efetuado com o assentimento expresso do casal, da mãe solteira ou
homem, segundo as normas éticas aplicáveis, solicitadas por médico, em
atendimento à opção do paciente.
§1º À mulher
que se dispuser à ligadura de trompas-de-falópio e ao homem, que se dispuser à
vasectomia, será esclarecido, sobre a impossibilidade de irreversibilidade do
ato cirúrgico, disto constando de documento, assinado por médico e paciente.
§2º A cirurgia
não ocorrerá sem prévia avaliação e acompanhamento clínico do paciente,
observadas as informações sobre os riscos, vantagens, desvantagens e eficácia
do método.
Art. 4º A
assistência do Estado aos termos da presente Lei, será executada mediante
programa de atenção integral à saúde, em todos os ciclos vitais, pelos órgãos
responsáveis, cujas atividades básicas, entre outras são:
I - A
assistência, integral, à concepção e contracepção;
II - O
atendimento pré-natal;
III - A
assistência ao parto, ao puerpério e neonato;
IV - Controle
das doenças sexualmente transmissíveis;
V - Controle e
prevenção do câncer cérvico-uterino, do câncer de mama e do câncer de pênis.
Parágrafo único.
Integram as atividades básicas do Estado, no concernente à saúde, o atendimento
psicológico das pessoas que optarem pelos métodos contraceptivos indicados
nesta Lei, desde que requerido.
Art. 5º Esta
Lei se aplica a todo o sistema de saúde no Estado de Pernambuco e aqueles, de
natureza privada.
Art. 6º É
vedada qualquer forma de coerção à pessoa ou casal, que pretender exercer o
direito do planejamento familiar, mediante os métodos indicados nesta Lei, bem
como a recusa de atendimento a quem por eles optou.
"§ 1º A infrigência ao disposto nesta Lei esta objeto de processo
administrativo disciplinar, sem prejuízo da responsabilidade civil e
criminal;"
"§ 2º As opções aos métodos anticonceptivos, elencados nos incisos
II, III, IV, e VI do § 2º, do art. 1º, desta Lei, como parte do planejamento
familiar, deverão ser comunicados à Secretaria Estadual da Saúde, em trinta
dias, findos os quais, incorrerá quem deu causa a omissão, em falta
disciplinar, apurável na forma do parágrafo anterior."
Art. 7º É
vedada qualquer forma de esterilização de menores de dezesseis anos.
Art. 8º Esta
Lei entra em vigor na data de sua publicação, a partir dela, devendo ser
regulamentada, em sessenta dias.
Art. 9º
Revogam-se as disposições em contrário.
Assembléia
Legislativa do Estado, em 22 de dezembro de 1997.
DJALMA PAES
Presidente